domingo, 8 de setembro de 2013

S. Roque do Pico

O Pico é a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, tem menos de 15 mil habitantes, distribuídos por três concelhos: S. Roque do Pico, Madalena e Lajes do Pico. Instalei-me no primeiro. A vila é um composto de pequenos grupos de casas: o Cais, com uma frente marítima; S. Roque, mais interior, centralizado em redor do Convento de S. Pedro de Alcântara (séc. XVIII), actual Pousada da Juventude.

S. Roque do Pico e Madalena partilham uma posição geográfica de ligação numa ilha grande, mas periférica, mesmo no contexto açoriano. Dada a sua localização em relação às ilhas vizinhas, o canal de S. Jorge e o canal do Faial levaram à criação de nós de tráfego marítimo, sem, no entanto, determinar a superioridade de uma em relação à outra. Apenas as Lajes, na costa sul, onde se instalaram os primeiros povoadores, conserva no seu casario alguns sinais de uma maior importância, entretanto perdida… Em resumo, as três vilas equivalem-se em dimensão, pequenez e tranquilidade. Vitorino Nemésio, em O Corsário das Ilhas, avança com uma explicação: “Das ilhas maiores só uma, - o Pico, - não chegou a atingir densidade citadina. O seu dispositivo montanhoso maciço, a porosidade do seu solo pouco propício à agricultura e impróprio para a pastorícia de prados especializaram-na na pesca, no vinho e nas frutas, - três géneros de actividade que, por si sós, dificilmente geram mesteirais e mercadores, ou seja o húmus dessa coisa febril e às vezes monstruosa que se chama cidade”.

O cais de S. Roque do Pico continua com a sua frente marítima inalterável. 
Fonte: picarotto.blogspot.com (sem elementos de identificação: autor e data).

O Convento S. Pedro de Alcântara/Pousada da Juventude foi o meu quartel-general.

Claustro do Convento S. Pedro de Alcântara.

A memória da baleação está sempre presente, mesmo num passeio calcetado.

Bancos e passeio calcetado no cais de S. Roque. Ao fundo, S. Jorge.

Monumento ao Baleeiro.

Cais de S. Roque do Pico visto da Praceta dos Baleeiros.

Beco dos Baleeiros.

Museu da Indústria Baleeira. Antiga Fábrica da Baleia Armações Baleeiras Reunidas, Lda. Laborou entre 1949-1984.

Fotografia do exterior da fábrica (sem elementos de identificação: autor e data). Pátio de desmancho e rampa de varagem de cachalotes. A cabeça era separada do resto do corpo e dela se extraía o óleo de melhor qualidade (espermacete), para a produção de ceras e pomadas. Do intestino, retirava-se o âmbar gris, substância gordurosa e inflamável, de cheiro fecal, destinado à perfumaria. Rodrigo Guerra, numa foto reportagem sobre a caça à baleia no Pico, na revista Ilustração Portuguesa, em 28 de Fevereiro de 1910, remata-a do seguinte modo: “Mal imaginas tu, gentil mulher, ao apeares-te do teu automóvel e ao entrares no salão de S. Carlos, que o perfume evolado dos teus ombros nus, do teu cabelo loiro, veio do intestino do cachalote e dos resíduos da sua digestão!”  

Autoclaves do toucinho e dos ossos para produção de óleos e farinhas para rações e adubos.

Lagoa do Capitão. Planalto a 860 m. Arredores de S. Roque do Pico.

Miradouro Corre Água sobre S. Roque do Pico.